terça-feira, 12 de junho de 2012

          Pobreza

  (Nunca este olhar foi tão actual)

                                               
Esta foto tirada no auge da grande crise de 1929-1933, fez-me lembrar dois casos que aconteceu comigo.
Na 4ª feira passada, dirigi-me a um supermercado da minha localidade para comprar pão, e ao sair estava a contar os míseros cêntimos que restava-me no bolso, quando sou abordado por um homem na casa dos 40 anos.
Mostra-me uma receita médica passada pelo seu centro de saúde junto com um monte de moedas e pede-me encarecidamente €2. Justifica o pedido porque era a quantia que lhe faltava para poder comprar uma receita de um medicamento para a depressão.
A voz de desespero e a cara marcada por uma expressão de um vazio enorme(bem pior que a da mulher da foto), foi bastante convincente que não restava dúvidas que estava a falar a verdade, mas como não tinha muito dinheiro lá lhe dei os últimos cêntimos que me restavam e agradeceu-me por isso.

Na cidade aonde moro existe ainda algum poder de compra, era hábito assistir aquelas famílias de ciganos do leste europeu a mendigar, é com preocupação que já vejo portugueses na casa dos 40 anos a pedir dinheiro para comer.
Ao fim de semana tenho por hábito ir ao mercado fazer as minhas compras, aonde ultimamente assisto a comerciantes hortícolas incapazes de vender os seus produtos, oferecer um ou outro a quem pede ajuda.

Enquanto o nosso país caminha para o abismo, em que os nossos governantes e ex-governantes nacionais, bem como europeus, vêem com discursos hipócritos com resgates e blá blá blá, mas estas atitudes não passam de  lamber os pés e o cú aos mercados financeiros (esses sim os verdadeiros responsáveis pela crise), o povo aquele que sente na pele a sua vida cada vez mais a regredir, é sempre bom ver que quem tem pouco está disposto a ajudar quem esta pior que nós.

Fica aqui o meu obrigado público a todas as pessoas que ajudaram este senhor a poder ter um pouco de paz na sua vida, e aos pequenos comerciantes hortícolas do mercado que todas as semanas matam a fome a alguém, porque isto sim é a verdadeira essência do ser humano.

1 comentário:

  1. "Muito triste estava por não ter sapatos, mas alegrei-me ao encontrar um homem sem pés..."

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